A publicação da segunda e última parte da crônica da semana passada ("Gerrard e o urso polar") vai atrasar uma semana. É que estive viajando e não pude concluí-la a tempo. Mas resolvi fazer um pequeno comentário acerca da visita que fiz ao Camp Nou, estádio do Barcelona.
Como todos sabem, o F.C. Barcelona, criado em 1899, encarna o orgulho catalão diante do poder central, contra o qual a Catalunha já lutou (e perdeu) três guerras. Na última delas, a sangrenta Guerra Civil Espanhola em 1936, aviões alemães bombardearam Barcelona em nome de Franco. Quando a bandeira da Catalunha foi proibida, a do Barcelona passou a ser usada em seu lugar. O que move a rivalidade feroz entre Barça e Real Madrid (apoiado pelo ditador) é este ódio secular, muito anterior à criação dos dois clubes e até do futebol como nós o conhecemos.
Com 150.000 sócios, o Barcelona é um clube riquíssimo, apoiado incondicionalmente por sua torcida e com a maior média de público da Europa, acima dos 73 mil por jogo. O Camp Nou é absolutamente espetacular, com sua arquitetura arrojada, traço típico de uma cidade sempre lembrada pelas obras do genial António Gaudí. Inaugurado em 1957, o novo estádio foi um dos pilares da reconstrução da auto-estima catalã. Basta-se dizer que no dia da colocação da pedra inaugural apareceu uma multidão de mais de cem mil pessoas. Além do estádio de futebol, há um complexo esportivo com ginásio para basquete, hóquei e outras modalidades.
Qualquer torcedor também sabe que o Barcelona é um dos poucos, senão o único clube dentre os maiores do planeta a não aceitar colocar um patrocínio para a sua camisa. É como se as cores do Barça fossem sagradas. Nas arquibancadas do estádio, está pintado o lema "Més que un club" ("Mais que um clube"), indicando claramente esta idéia. Pena que também esteja pintado, em igual tamanho, o logo da Nike. E o que me causou ainda mais espécie foi a visita à loja do clube. Por um lado, há todo o tipo de quinquilharia com o símbolo do clube como em qualquer megastore de um clube da Premier League, de babadores de neném até uma geladeira nas cores tradicionais. Mas é absolutamente espantoso (vejam a foto abaixo) que haja camisas à venda da Juventus de Turim, do Internazionale de Milão, do Celtic (da Escócia) e até do Arsenal... Heitor, meu filho de 13 anos, matou a charada imediatamente: "É uma loja da Nike, pai, não é uma loja do Barcelona..." A sorte da Catalunha é que o Real Madrid é patrocinado pela Adidas...
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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